segunda-feira, 28 de julho de 2008

(28Jul2008)
CIDADES MAIS CARAS

São Paulo e Rio dão salto na lista sobem no ranking mundial

A valorização de quase 20% do real frente ao dólar no último ano provocou um salto de mais de 30 posições das cidades brasileiras no ranking mundial de custo de vida. São Paulo é a terceira localidade que mais subiu na pesquisa – 37 posições – saindo da 62ª colocação em 2007 para o 25º lugar neste ano. Dentre as metrópoles pesquisadas, somente Teerã (Iran) e Caracas (Venezuela) tiveram seus preços mais elevados que São Paulo.


A pesquisa anual da Consultoria Mercer sobre as cidades mais caras do mundo para trabalhadores estrangeiros revelou que as brasileiras São Paulo e Rio de Janeiro ganharam posições no ranking. O Rio de Janeiro subiu da 64ª para a 31ª posição, junto com Barcelona e Estocolmo. Com isso, viver nas duas capitais brasileiras se tornou mais dispendioso que morar em cidades como Berlim, Los Angeles e São Francisco.

Assim como aconteceu com o Real, outras moedas, incluindo o Euro, se fortaleceram nos últimos meses, provocarando mudanças no posicionamento dos países no ranking. Além disso, a expansão de algumas economias acima da média mundial também contribuiu para as alterações no ranking. Todas as cidades da Índia, por exemplo, subiram na pesquisa, refletindo o crescimento de 9,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2007.

Moscou é a cidade mais cara, com um custo de vida cerca de 40 por cento maior do que Nova York que caiu da 15ª para a 22ª posição. Tóquio (Japão) subiu duas colocações e passou a ocupar a vice-liderança do ranking, tirando o lugar de Londres (Inglaterra), que passou para a terceira posição. Em último lugar está Assunção no Paraguai.

Entre os itens analisados para a elaboração do ranking são avaliados os custos de acomodação, transporte, alimentação, vestuário, bens domésticos duráveis e entretenimento. Se custos com segurança e saúde fossem computados com certeza as cidades brasileiras pesquisadas tomartiam nova posição no ranking, mais acima, bem mais acima.
(28JUL2008)
ALTA NOS JUROS PARA FREAR INFLAÇÃO!

BC aumenta em 0,75% a taxa básica de juros brasileira como alternativa para arrefecer o mercado nacional e a guinada inflacionária.


A revista americana Forbes entende que a decisão da última quarta-feira (23), tomada pelo Banco Central, em aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,75%, alcançando 13%, como uma ducha de água fria com a matéria em inglês Cooling off Brasil (esfriando o Brasil).

A medida vem para diminuir a demanda por crédito e, como conseqüência, diminuir a demanda nacional. Tal fenômeno também diminui a pressão sobre a alta dos preços, com reflexos diretos na inflação. O susto da alta da inflação para patamares acima da meta para 200 fez com que a política monetária nacional acionasse um instrumento necessário: o aumento da Selic.

A inflação deverá atingir 6,53% neste ano, um índice maior do que a meta de 4,5% estipulada pelo governo e maior do que o teto de 6,5%. A revista lembra que o presidente do BC, Henrique Meirelles, prometeu trazer a inflação para 4,5% até o final de 2009. Segundo a "Forbes", isso seria uma indicação de que outras elevações nas taxas de juros poderiam estar a caminho.

Prejuízos

Mas o aumento da taxa de juros não traz apenas os impactos de contenção da demanda. É esperado um impacto de R$ 3,49 bilhões na dívida do governo federal nos próximos 12 meses. Esse valor considera o pagamento adicional de juros que será feito pelo governo nesse período. Ganham os investidores que compraram títulos indexados à Selic (LFTs) ou investiram em fundos que possuem esses papéis em sua carteira.

De acordo com dados divulgados pelo Tesouro Nacional, no final de junho, a parcela dos títulos remunerados pela taxa Selic somava R$ 465,52 bilhões. Isso representa quase 40% da dívida pública do governo federal em títulos, que cresceu e chegou a R$ 1,247 trilhão em junho

Considerando o setor público como um todo, e não apenas o governo federal, a dívida indexada à Selic somava R$ 645,4 bilhões no final de maio (os dados de junho serão divulgados pelo Banco Central apenas na próxima semana). Nesse caso, o impacto do aumento dos juros anunciado quarta-feira passada, para um período de 12 meses, é de R$ 4,841 bilhões.

Em Braslia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está convencido de que a alta de 0,75 ponto porcentual na taxa básica de juros brasileira foi "absolutamente necessária" para segurar o aumento dos preços e evitar que a inflação chegue a dois dígitos em 2009. Lula conversou com o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e foi informado de que era preciso acelerar o ritmo de alta dos juros. Não resistiu. Ao contrário: deu todo apoio à medida.

"Vamos fazer o que tem de ser feito", disse o presidente. A preocupação do Palácio do Planalto é de que a inflação volte a atazanar a economia e provoque perda da renda do trabalhador. Pelas análises apresentadas por Meirelles a Lula, se os juros não começassem a subir de forma mais veloz agora, a escalada de preços e a retração econômica teriam maior impacto sobre o País em 2010, ano de eleição presidencial.

Sem esconder o interesse em eleger seu sucessor - ou "sucessora", como costuma brincar, numa referência à chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) -, Lula já avisou que fará de tudo para a economia não desandar. Em mais de uma ocasião, ele garantiu aos ministros mais íntimos que não medirá esforços para não pôr a perder as principais conquistas de seu governo - a estabilidade da economia e o aumento do poder aquisitivo dos mais pobres - justamente no último ano de mandato, às vésperas da eleição.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

(íntegra da entrevista publicada em 21JUL2008)


JORNAL DO DIA
ENTREVISTA DA SEGUNDA
Página C1

Data publicação: 21 de julho de 2008
Entrevistado: Rodson Willian Barroso Juarez



Rodolfo Juarez


“A INFLAÇÃO É UM MAL QUE PREJUDICA RICOS E POBRES”

A afirmação é do economista Rodson William Barroso Juarez, mestrando em desenvolvimento regional pela Unifap e um analista da conjuntura da economia mundializada que coloca os paises numa teia que conecta a economia mundial misturando o bem e o mal que a sociedade carrega.

Rodson William Barroso Juarez é economista, especialista em eco-eficiência na produção, mestrando em Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). Nasceu no dia 21 de julho de 1982, em Macapá/AP. Tem como projeto de curto prazo a finalização do mestrado de Desenvolvimento Regional na Universidade Federal do Pará, com foco no meio ambiente e desenvolvimento sustentável onde realiza pesquisas para tratamento acadêmico e profissional estando com estudo avançado sobre o processo de mineração em Pedra Branca do Amapari. A longo prazo projeta contribuir para a formação de políticas públicas no Estado do Amapá e para o desenvolvimento econômico regional, de meio ambiente e construção de conhecimento em instituições de ensino superior. Crítico do modelo atual que o Brasil vem adotando para o desenvolvimento nacional e estudioso dos parâmetros que servem de referencia para a mundialização do comércio e do relacionamento internacional a partir dos meios de produção. Rodson Juarez recebeu a reportagem do Jornal do Dia em seu gabinete de trabalho onde concedeu a seguinte entrevista:



JD - O mundo, já faz algum tempo, está preocupado com os riscos da estabilidade econômica, o que está acontecendo?
RJ - Aumento dos preços ao consumidor, crise do petróleo, crise do mercado imobiliário no Estados Unidos e o anseio global dos impactos negativos nos mais diversos mercados, crise no setor de alimentos, entre outros fenômenos econômicos acabam por chacoalhar a dinâmica social de muitos países por todo o mundo. Discussões antigas sobre o modo de produção capitalista e modernas aspirações sobre sustentabilidade e meio ambiente aquecem a busca por respostas que apresentam seus resultados no dia-a-dia do orçamento familiar.

JD - Quais as principais justificativas para essa preocupação?
RJ - O mundo globalizado, nas mais diversificadas esferas, seja cultural ou economicamente, com os tempos acelerados de produção e comunicação, combinados ao entrelaçamento de políticas econômicas dos estados-nação faz com que qualquer mudança político-social, com os devidos efeitos na economia, provoquem um efeito “dominó” nas economias relacionadas. Tal encadeamento mundial deixa apreensivo qualquer país que faça parte dessa trama, estando este na maresia, seja ela calma ou turbulenta.

JD - O preço do petróleo, que não pára de subir; ou a crise dos alimentos, que não pára de crescer; qual atacar primeiro?
RJ - O entendimento de que os preços dos alimentos sofre influencia direta e proporcional do preço do petróleo, uma vez que este representa grande parte na composição do preço final através da logística de distribuição do bem de consumo (como combustível dos navios, caminhões e de máquinas agrícolas, por exemplo), nos leva à tendência de combate ao preço da fonte de energia mais consumida em todo mundo. Mas a política de preços do combustível fóssil perpassa pelas rais da democracia e nacionalidade dos países detentores das principais reservas naturais desse “ouro negro”, servindo de meio de especulação política e financeira.

JD - As conseqüências mais graves serão sentidas nos países pobres, em desenvolvimento, ou nos países ricos?
RJ - É evidente que os países “desenvolvidos” possuem melhores condições de contornar as crises financeiras através do uso dos recursos produtivos instalados de seus parques industriais, relacionados a uma política econômica eficaz para tal. Os países com desenvolvimento tardio, por outro lado, precisam se antecipar às crises e planejar a condução dos possíveis impactos globais, o que é muito raro de se observar. Cenário favorável ao colapso de uma economia.

JD - O que resta para os dirigentes dos países em desenvolvimento, como o Brasil, fazerem?
RJ - A resposta é complexa e envolve o cerne da dinâmica interna de cada país. Não existe uma receitinha de bolo. Cada nação detém sua particularidade inalcançável pelo positivismo das explicações dos economista neo-clássicos. Mas medidas como austeridade fiscal, fortalecimento da indústria nacional, política monetária saudável, abertura controlado ao mercado internacional, regulação da economia sem contaminação da territorialidade hegemônica, e o combate ao vírus das países acumulativos de poder burocrático, a corrupção.

JD - Essa “quase crise” generalizada já está afetando o Brasil?
RJ - Diria que é uma crise o que observamos na economia globalizada atual, com reflexos inclusive no Brasil. Quando temos uma política nacional local de diversificação da matriz energética (etanol) criticada pela União Européia, sob o pretexto da elevação dos preços dos alimentos em escala mundial; quando temos uma diminuição na demanda agregada de nosso principal importador (EUA) de diversos bens de consumo; o aumento dos preços dos alimentos através do aumento do preço do barril do petróleo, diminuindo o poder de compra do orçamento familiar do brasileiro. Tudo isso és reflexo da atual conjuntura da economia global em crise.

JD - Se está falando muito na volta da inflação. O que há de real nesse falatório?
RJ - É fato observado pelo Banco Central que os índices que medem os preços brasileiros indicam aumento geral dos preços, nas mais diversas atividades econômicas. A alimentação não pára de ficar cada vez mais cara desde o último trimestre do ano passado. Aluguéis e produtos industrializados também impulsionam os índices. Mas tal fato pode estar relacionado com a comparação do maior controle da inflação observado no Brasil, ocorrido em 2006, com 3,14 % (IPCA a.a.), abaixo da meta para o ano (4,5%). Em 2007, apesar de apresentar relativo aumento no final do ano, também fechou abaixo da meta com 4,46%. Mas o aumento contínuo nos preços dos alimentos ameaça a harmonia.

JD - Há diferença entre essa inflação potencial e a inflação que dominou o Brasil, principalmente na década de 80?
RJ - Claro, assim como uma economia nacional se difere de outra, no tempo também acontece o mesmo. Uma economia passada não é a mesma da atual. No Brasil de 1983, com uma taxa de 211% de inflação anual, a crise era na produção e na conjuntura monetária (crise com o FMI). Atualmente, além das variações nos preços do petróleo, a questão gira em torno da expressiva oferta de crédito no Brasil, com uma indústria fortalecida, mas ameaçada pela taxa de câmbio reduzida que fomenta as importações. Estamos melhores que antes, mas ainda temos muito a planejar.

JD - O que fazer para domar esse “dragão”?
RJ - O fortalecimento da produção agrícola local, política de preços de combustíveis, austeridade fiscal, desburocratização para a produção de bens duráveis (com responsabilidade ambiental), proposta de novas alternativas para a matriz energética (fomento ao etanol brasileiro), controle para a concessão de crédito, controle dos spreads bancários são algumas propostas de ações para um planejamento pró-ativo.

JD - O modelo econômico adotado no Brasil contribui para a vulnerabilidade ou é um paredão contra a inflação?
RJ - Não existe um paredão eficaz para dominação dos índices de preços. O modelo adotado pelo Brasil se reproduz em muitos outros países emergentes e em desenvolvimento. Uma proposta ideológica poderia servir melhor ao que se busca hoje para o conceito de desenvolvimento, mas a praticidade e aplicação não se justificariam num cenário globalizado e na trama atual, deixando as economias nacionais vulneráveis às crises sistêmicas, como a atual.

JD - Como a economia de um Estado, como o Amapá, é afetada pela inflação?
RJ - Nessa trama globalizada é muito improvável que um estado membro de uma federação que faça parte de tratados e acertos econômicos não observe as decisões e transformações nessa teia. O Amapá, com menos de 10% do PIB oriundo da produção agropecuária, recebe alimentos de diversos centros produtivos e observa uma das cestas básicas mais caras e uma participação maior da variável combustível para a formação dos preços (por causa dos fretes Ro-ro).

JD - O que deve fazer o controlador do orçamento doméstico para minimizar os efeitos da inflação?
RJ - O controle na demanda por crédito, principalmente através de cartão de crédito, diminuindo o pagamento de juros, além de pesquisas de preços na hora da compra rotineira em supermercados, fazendo uma opção pelos preços e estabelecimentos que pratiquem os menores preços. Não há necessidade de se estocar alimentos não-perecíveis, como na década de 1980, mas a pechincha, velho hábito brasileiro, ainda é eficiente para contenção de custos familiares. Outras opções sáo relativas aos hábitos diários, como utilização de energia elétrica, água, telefone e transporte, sendo indicado a opção pelo transporte público (onde é eficiente).

JD - Há mesmo a possibilidade da volta da inflação nos índices que foram registrados na década de 1980?
RJ - É possível, mas improvável. A conjuntura é outra. O Brasil é diferente, mais maduro e a população está mais esclarecida e “gato escaldado tem medo até de água fria”. A atual tendência inflacionária já despertou ações para preparação e contenção do aumento dos preços, evidenciando que a realidade é diferente: pagamento da dívida externa, produção em crescimento tímido, mas contínuo, moeda forte, entre outros indicadores. Não devemos nos alarmar a esse ponto.

JD - A inflação prejudica mais o rico ou o pobre?
RJ - A inflação é um mal que prejudica ricos e pobres, mas como sempre, a renda diminuta das classes mais baixas é mais afetada pela alto dos preços, principalmente quando o aumento é observado nos produtos alimentícios, que consome em maior peso os salários.

JD - Há quem ganhe com a inflação?
RJ - Há quem ganhe, mas ganha pouco, quando muitos perdem ou ganhem menos. Os bancos continuam lucrando com a elevação dos juros, pela existência do risco de inadimplência. Alguns fornecedores de alimentos, em casos extremos de crise de abastecimento, cobram o ágio para oferecer a garantia ao consumidor e a rapidez no atendimento.

JD - As “vacinas” que o povo do Amapá não pode deixar de adotar para enfrentar o “dragão”?
RJ - As mesmas medidas para o controle do orçamento familiar, restringindo a contração de débitos ofertados por financeiras (empréstimos) e a pesquisa de preços. Mas vale lembrar que não existe vacina 100% eficiente para enfrentar um dragão, que não é imaginário, mas as medidas eficazes são macroeconômicas, deixando as medidas individuais para mera adaptação a tempos de alta nos preços.

JD - A sustentação da economia amapaense está firmada sobre que “pilares”?
RJ - O que se observa como diretriz atual para o desenvolvimento econômico efetivo é o apoio ao empreendedorismo. Mas a falta de um planejamento de desenvolvimento econômico consistente, com apresentação de instrumentos econômicos e administrativos eficazes, deixa a política econômica local desnorteada, sem um “pilar” essencial que se possa descrever, senão a economia do contra-cheque, que movimenta o mercado local (aumento dos gastos públicos).

JD - Quando um plano de desenvolvimento é mais importante? Em uma economia estável ou em uma economia com cenário inflacionário?

RJ - Um planejamento de desenvolvimento é essencial para a execução de uma saudável política econômica, contando com ações estruturantes e com artifícios para tornar o desenvolvimento duradouro e sustentável. Mas é óbvio que numa economia estagnada, com ocorrência de inflação, a importância de um planejamento aumenta, significando a possibilidade de recuperação econômica, a saída da recessão.

JD - O Amapá é uma unidade federada que tem o seu modelo econômico fortemente apoiado pelo extrativismo mineral. Isso é bom ou ruim?
RJ - No caso específico do Amapá, em toda a história de exploração mineral, o assunto foi tratado de forma irresponsável, com pouca exigência para instalação de mineradoras e exploração do minério local. A implementação de políticas públicas habitacionais, segurança, saneamento, saúde e educação nunca foram eficazes para a garantia dos direitos fundamentais, mostrando que a política estadual para a mineração pode ser melhor trabalhada. Do jeito que está podemos considerar que o cenário é ruim. Poderia ser bom.

JD - O Amapá, além de suportar as turbulências nacionais e mundiais precisa continuar crescendo. Uma equação como essa é possível?
RJ - Questões essenciais como produção agropecuária, silvicultura, mineração com fixação de capital, pesca entre outros, com responsabilidade sócio-econômica e ambiental, sem esquecer a pulsante questão da valorização da política de meio ambiente em todo o Brasil, com ênfase na região amazônica, pode ser considerado como maneira de equalização. Não podemos deixar de considerar o desenvolvimento local para que seja enquadrado num desenvolvimento regioal e mundial, com suas respectivas turbulências.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

(07JUL2008)
Gigantescos investimetos para a mineração em todo o país


De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), as mineradoras brasileiras investirão US$ 47 bilhões nos próximos quatro anos, liderando a cesta de investimentos previstos pelo país até 2012.

A atividade mineradora no Brasil lidera a lista de investimentos previstos no país até 2012. De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), as mineradoras brasileiras investirão US$ 47 bilhões nos próximos quatro anos, sendo que 59% serão destinados para a cadeia de minério de ferro, com atenção especial para a renovação da frota e maquinário.
O superaquecimento do mercado está provocando uma briga quente entre mineradoras e siderúrgicas por profissionais do setor. Para atender à demanda em ebulição, elas têm investido na construção de novas plantas, usinas de pelotização e até de minerodutos em Minas Gerais e no Brasil. O problema é que falta gente qualificada para trabalhar. E a solução adotada por algumas companhias tem sido “roubar” profissionais na porta do concorrente.
Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Ferro e Metais Básicos (Metabase) de Mariana, que representa também empregados de Catas Altas, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Caeté, São Gonçalo do Rio Abaixo, Rio Piracicaba, João Monlevade e Bela Vista de Minas, pelo menos 20 trabalhadores, em pouco mais de três meses, já trocaram as empresas de origem pela concorrência.
”Somente a MMX e a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) já conseguiram levar da Vale uns 15 funcionários”, afirma o presidente do sindicato, José Horta Mafra Costa. Daniel Dantas, gerente geral do Projeto Minas-Rio da MMX, que inclui duas minas e uma unidade de beneficiamento na Região de Conceição do Mato Dentro, além de um mineroduto que transportará o minério por 525 quilômetros, passando por 32 municípios mineiros e cariocas, reconhece que a falta de mão-de-obra qualificada é um empecilho.


Importação de bem de capital “made in China”

Impulsionada pela valorização cambial, as importações de bens de capital de janeiro a maio alcançaram US$ 8,06 bilhões, um incremento de 43,5% em relação ao mesmo período do ano passado. O consumo aparente de máquinas e equipamentos, soma da produção e das importações menos as exportações, aumentou 33,3% nos primeiros cinco meses do ano, alcançando R$ 35,89 bilhões.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), o crescimento do consumo foi influenciado, sobretudo, pelo aumento das importações do setor. Apesar do aumento no consumo aparente, Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq, afirma que houve uma diminuição no ritmo de crescimento no segundo trimestre. Além disso, Aubert ressalta que os meses de comparação, janeiro a maio de 2007, foram abaixo da média.
“Boa parte do crescimento do consumo está relacionado às importações, mas o mercado já mostra sinais de desaceleração. Notamos também um aumento expressivo no déficit da balança comercial da indústria de máquinas e equipamentos”, afirmou Aubert. Segundo ele, o déficit da balança comercial do setor deve alcançar US$ 10 bilhões. O executivo conta que grande parte das importações brasileiras de máquinas foram de bens com tecnologia similar e até inferior aos produzidos internamente.
“É importante ressaltar que o setor não é contrário à importação de máquinas e equipamentos, desde que tragam inovação tecnológica que possibilite agregar valor ao produto nacional. Atualmente importamos máquinas chinesas a US$ 4,35 o quilo, uma concorrência desleal que pode sucatear a indústria nacional. Por isso é importante obtermos, do governo, igualdades de condições em termos de carga tributária, juros compatíveis e financiamentos”.
Aubert afirma, ainda, que vê como um primeiro passo a extensão do prazo do Finame do BNDES (linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de 5 para 10 anos para o setor de máquinas e equipamentos. “Não há país desenvolvido sem um setor de bens de capital forte. O Brasil já foi o 5º maior produtor mundial de bens de capital e atualmente é o 14º. Nosso grande desafio é recuperar as primeiras colocações nesse ranking até 2022”, concluiu o executivo

Na Amazônia

Participantes da audiência pública sobre política governamental de mineração na Amazônia, realizada em março, disseram que o Brasil não pode abrir mão das atividades mineradoras na região, que respondem por 21% das exportações e por 10,9% do PIB nacional. A reunião foi realizada pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados.
O diretor-geral adjunto do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), João César de Freitas Pinheiro, ressalvou que para evitar a degradação ambiental, no entanto, é necessária a regulamentação de pontos como a exploração em terras indígenas e em unidades de preservação. Pinheiro informou que 29% da Amazônia são constituídos por terras indígenas, e 16 milhões de hectares de seu território são unidades de conservação. Como a região concentra os maiores índices de minérios com valor econômico do País - 40% dos investimentos nacionais em mineração vão para lá -, ele defende que não se pode desprezar o potencial econômico da exploração dessas áreas. O diretor afirmou que atualmente apenas 0,5% do território brasileiro é ocupado por lavra: “Se acrescentarmos as áreas de pesquisa mineral, essa extensão não chega a 2%”, garante.
O secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Claudio Scliar, também assinalou que a Amazônia, além de ser uma grande floresta que precisa ser protegida, é uma grande produtora de bens minerais. Segundo ele, a região responde por 80% da produção de cobre brasileira; 74% de manganês; 100% de cassiterita e tântalo e 93% de caulim. Scliar lembrou ainda que, dos 137 bilhões de dólares (cerca de R$ 286 bilhões) das exportações brasileiras, 21 bilhões (aproximadamente R$ 43 bilhões) decorrem do setor mineral.
Potássio - Um dos principais projetos do governo federal para a região, segundo o secretário, é aumentar a produção nacional de potássio, pois o Brasil importa atualmente 90% do produto utilizado na correção de solo. “Isso representa quase 1 bilhão de dólares [mais de R$ 2 bilhões] que saem do País anualmente”, disse. Scilar informou ainda que, no próximo dia 15 de abril, o governo vai lançar edital de licitação para explorar potássio em Nova Olinda e Itaquatiara, no Amazonas.


No Amapá
Em terras amapaenses deve-se seguir a intenção nacional, garantindo a extração mineral e a fixação de capital no Estado, ampliando a fluidez dos recursos nas mais diversas áreas, ligando mina e o ponto mais próximo para escoamento de minerais, abrindo ou melhorando os caminhos entre eles, que passam a servir outras atividades e a comunidade local.
Mas tais aprente benefícios devem ser esclarecidos. O financiamento para a construção de tais infras-estruturas parte, em sua grande maioria, dos cofres públicos, seja através de investimento direto ou de subsídios e facilitação da instalação da planta de extração, geralmente de capital extrangeiro, que exporta para mercados também extrangeiros.
O peso de investimentos deve cambear para o Amapá, uma vez que as atividades de mineração encontram aqui o que podemos chamar de segundo ciclo da mineração, evidenciando a extração do ouro e retorno do manganês, sem deixar de mencionar a gigantesca reserva de caulim que representa mais de 93% de toda a produção desse minério no país.

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