Rodson Juarez[1]
A Secretaria
de Estado da Saúde (Sesa) do Governo do Estado do Amapá (GEA) anunciou no dia
29/06 uma série de medidas que visam melhorar o atendimento no Hospital da
Criança e do Adolescente (HCA) e também no Pronto Atendimento Infantil (PAI).
Essas unidades são referência em atendimento pediátrico no Estado, com mais de
200 atendimentos diários de alta e média complexidade.
Uma equipe
formada por médicos, enfermeiros, assistente social, arquiteto, engenheiro e
fisioterapeuta, realizaram visitas técnicas durante um mês dentro do HCA e do
PAI. O objetivo foi detectar os gargalos e apontar as soluções. Após o estudo,
a equipe formalizou o plano de ação, que estabelece metas para sanar os
problemas em curto, médio e longo prazos. Hoje, os principais problemas
identificados são superlotação, falta de fluxo de atendimento e estrutura
física inadequada.
Essa forma de
trabalhar apresenta conexões com o que há de mais moderno na administração
pública, absorvendo método de gestão de empresas e aplicando às rotinas
públicas. A eficiência, como princípio constitucional da administração pública,
obedecendo ao binômio “qualidade de serviços” e “racionalidade de gastos”,
carece de adoções racionais como essa.
A gestão da
coisa pública vem se comportando nas últimas décadas, no Brasil todo, como uma
gestão com foco no problema, ou seja, representa caráter reativo e sempre nos
remete ao termo “apagar incêndio” ou “matar um leão por dia”. Esse perfil se
afasta daquele pretendido pelo legislador, representante do povo e, assim, do
que é relevante para a sociedade, que reside na gestão adequada do erário.
Então, um
perfil mais proativo e como foco nos resultados esperados, traçados
antecipadamente e em plano de ações estratégicas, pode representar o espírito
constitucional desenhado para o administrador público. Nada mais que uma
resposta na medida certa, nem além nem aquém do esperado para o gestor público
mediano, mas que ganha grande destaque quando nenhum outro o faz.
Esse tipo
comportamento em relação ao trabalho é o mínimo que se deve esperar do gestor
público. Analisando fotos da década de 1950 a 1970 podemos ver homens reunidos
pelo trabalho público, em seus domingos e em períodos chuvosos. Naquele período
dava-se o jeito para realizar as ações que a comunidade esperava e projetava,
mais que reparar problemas que assolavam a gestão.
Nos dias
atuais vemos homens públicos fazendo esforço para gozar férias. Como pode, em
pleno primeiro ano de mandato, alguém do primeiro escalão de um governo, seja
ele municipal, estadual ou federal, tirar férias ou viajar a passeio para o
exterior? Esse comportamento remete aos marajás, da nobreza indiana, que viviam
de renda de seus investimentos ou da relação como o governo, sem precisar
trabalhar.
Afinal,
ganhar uma eleição não pode representar ganhos de investimento, ou ganhos de
relacionamento privilegiado de uma nobreza informal, mas fática, com o poder
governamental. Um mandato deve ser encarado, acima de tudo, como uma missão,
seja ele no poder executivo, legislativo ou mesmo judiciário (como cargo
vitalício).
Não vemos
mais a evidência da abnegação dos homens que se propões e gerir a política de
desenvolvimento humano dos brasileiros. Essa repartição do poder e seus
privilégios, dividindo a ação pública em blocos partidários não parece ser uma
estratégia comportamental válida para a resolução de problemas gravíssimos, nem
de elaboração de propostas válidas para projetar um cenário mais favorável ás
comunidades das cidades.
Esse Plano de
Ação, assinado e divulgado pelo secretário da SESA, Pedro Leite, pode servir de
exemplo para outros setores relevantes da administração pública, ainda nesse
espaço de tempo diminuto que resta para esse ano, afinal, os gestores deveriam
pensar o Estado para além do período de seus mandatos, pois continuarão suas
vidas, mesmo fora do poder, no mesmo espaço que gere por enquanto.
Link da matéria original: http://www.agenciaamapa.com.br/noticia/42064
[1]
Economista, mestrando em Desenvolvimento Regional e tutor do curso superior em
Administração Pública da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).
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