Em 2008, Pedra Branca, na região central do Amapá, alcançou a colocação de número 145 no ranking nacional de saldos (exportações menos importações) na balança comercial por municípios. Os US$ 116.816.481,00 FOB exportados ano passado, subtraídos os US$ 14.381.809,00 importados através do município deu um dos maiores saldos na balança comercial em toda a história. Foram US$ 102.434.672,00 de saldo positivo para a localidade. O faturamento aumentou em 2008 devido ao largo investimento em 2007, que importou muito em bens de capital e para utilização na indústria de extração e beneficiamento mineral.
As exportações continuaram crescendo no final do ano passado, mesmo com a crise ganhando corpo e fechando minas em diversos países. Ainda as importações se avolumaram naquele período, aumentando a corrente de comércio no Amapá quando todo o mundo se retraia. Vivemos numa ilha somente pelo aspecto geográfico, mas essa ilha não existe para o sistema capitalista de produção e acaba compartilhando da teia de produção mundial. Mais dia, menos dia, a marola ganha corpo e chega com o impacto de um tsunami.
E Macapá?
Enquanto Pedra Branca e Mazagão comemoram os números favoráveis na balança, Macapá e Serra do Navio apuraram déficit de mais de US$ 23 milhões FOB, juntos. Fica claro o peso do ouro na balança. A extração mineral ganhou volume previsto em 2008, com tendências de continuidade para este ano. O cenário incerto ainda não confirma o programado. Demissões em diversos setores da economia atingem a Amapá e mostram as externalidades negativas de uma política de supervalorização de grandes projetos de mineração na Amazônia.
Realmente, não há o que se discutir que a concentração urbana e o comercio absorvem mais produtos do que exportam, ocasionando o saldo negativo dos grandes centros, sendo que o pólo exportador do Estado (Porto Internacional) se localiza fora da capital, que acaba perdendo para o município vizinho as contas de investimento e aduana. São gigantes importações como água de colônia que asseguram a corrente de comercio em elevação na capital. Foram mais de US$ 1,7 milhões FOB em importações do produto em 2008, único bem de consumo entre os dez produtos mais importados no ano, representado 3,99% do total.
Nem tudo é festa!
Não são apenas números positivos que atraem as atenções para a região em franca expansão, mesmo diante da retração mundial. Cresce, junto com as exportações, a prostituição, a violência, a corrupção, a miséria e o crescimento urbano desordenado, ainda, diversos outros problemas atrelados a esses.
Infelizmente eh assim. Mas não nos damos ao luxo de sermos únicos a enfrentar tal realidade. Deveríamos ter tomado as precauções necessárias para que nosso cenário servisse de forma adequada para a interação dos os atores. Mineradoras, governos (nas três esferas), comunidades (as mais próximas dos projetos de mineração) e a sociedade civil organizada dispõem de artifícios possíveis para a boa organização da atividade. Mas são poucos os exemplos para tal. Aos montes, mineradoras violam as comunidades locais e “saqueiam” as reservas estratégicas da União. Parece que estamos nos acostumando com isso, usando os maus exemplos e apostando que vai ser diferente conosco, que as coisas vão dar certo. Apostem!
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