sexta-feira, 11 de junho de 2010

A SÍNDROME DA MOSCA VAREJEIRA

(Por Rodolfo Juarez)

A inversão de valores dentro dos partidos políticos está criando dificuldades para o eleitor compreender as propostas que os partidos ou as coligações apresentam nas campanhas eleitorais.

Todas essas propostas são olhadas com desconfiança e os programas que comportam essas propostas não são recebidos com a credibilidade que precisaria para serem analisados com relação à necessidade e a oportunidade.

Alguns partidos importantes estão acometidos da síndrome da mosca varejeira, que não escolhem onde pousar depois dos seus voos. Estão sempre na busca de um porto seguro onde os seus dirigentes tenham menor risco nas disputas, de nada valendo a proposta do partido ou os compromissos assumidos.

Os partidos políticos são instituições exclusivamente nacionais, isso quer dizer que deveria haver uma diretriz nacional, do conhecimento de cada filiado, que deveria ser seguido por cada dirigente.

Mas as próprias direções nacionais, em regra, permitem que os partidos políticos, no seu comportamento, ajam como se fossem estadualizados ou municipalizados, isto é, conforme a cabeça do dirigente estadual ou municipal.

Nas eleições gerais esse comportamento fica muito claro e se escancara com alianças impensáveis, acordos inimagináveis e incoerente, incompatíveis com o ideário do partido e o compromisso que o filiado aceita e o dirigente teria obrigação de evitar.

Mas nesse momento fala mais alto a sobrevivência política dos dirigentes partidários que viram de constas para o partido, na tentativa de permanecer com o mandato, mantendo a relação política que entende como decisiva para a sua influência no poder e meio de vida na sociedade.

Vendo essa realidade é que se observa que o político da atualidade, na sua maioria, tem fidelidade com o Poder e não com o partido. Para garantir o mandato e manter-se no Poder, trabalha dia e noite; já para manter-se fiel à proposta do partido não age, não trabalha e ainda confessa aos seus colaboradores que o “partido atrapalha”.

No Estado do Amapá alguns partidos, por causa do comportamento dos seus dirigentes, há muito, abdicaram do objeto principal de um partido político – conquistar o Poder para governar o Estado, de ter um governador de Estado. Preferem vir na “garupa” de outros partidos, não raro, tradicionais adversários, mas olhando as vantagens pessoais ou familiares que o dirigente possa auferir.

A fidelidade ao Poder em confronto com a fidelidade ao partido mostrou a necessidade de haver regras para controlar essa questão que seria, originariamente, obrigação dos próprios partidos, conforme os seus estatutos.

As regras vieram, estão se aprimorando e estreitando as faixas de ação das “moscas varejeiras”. A autonomia de vôo destas “moscas” está diminuindo e os campos de pouso, alguns fechados, outros com visibilidade prejudicada.

Mesmo assim, alguns se agarram na velha máxima dos políticos que não deram bom exemplo, quando afirmavam que “em política vale tudo, menos perder”.

A eleição de 2010 pode mostrar um ponto de tangência importante na trajetória do comportamento dos dirigentes dos partidos políticos no Amapá, a partir do qual seja retomado o verdadeiro sentido partidário, com os partidos se ajustando ao seu objeto de ser uma célula da democracia.

domingo, 6 de junho de 2010

ELEIÇÕES PROPORCIONAIS: UMA ARTE

(por Rodolfo Juarez)

Os dirigentes dos partidos: sejam eles os grandes, ou os médios, ou mesmo os pequenos, já estão atentos aos passos dos seus filiados com relação às convenções partidárias que começam no dia 10 de junho.

Sabem eles a responsabilidade que têm para viabilizar as candidaturas dos seus filiados que estarão disputando as eleições do dia 3 de outubro. Tudo precisa ser analisado cuidadosamente, medido com precisão cirúrgica e discutido até a exaustão para que todo o esforço futuro não seja desperdiçado já nas convenções de junho.

São cindo eleições diferentes, duas delas com segundo turno de votação programado para o dia 31 de outubro. Mas, três delas serão definidas logo no dia 3 de outubro, sem segunda chance, sem segunda oportunidade.

E duas dessas três, a que escolhe os oito deputados federais e os vinte e quatro deputados estaduais, são proporcionais, admitem coligações e com isso distribuem, dentro da coligação, as vagas que são conquistadas, entre os partidos que forma essa coligação.

Lógico que isso trás uma preocupação a mais para os candidatos que precisam entender como funciona o processo para disputar as vagas com os seus verdadeiros adversários. Há casos em que aquele que seria ao seu principal adversário, passa a ser o seu principal aliado.Não adianta querer generalizar. O processo eleitoral e a campanha destacam o que é e o que não é indicado fazer por este ou aquele candidato. É natural que o candidato tenha conhecimento de como tudo funciona para definir as suas chances e a intensidade do trabalho que precisa desenvolver na campanha.

Não adianta, por exemplo, entrar na eleição proporcional sabendo que não vai ter chances de alcançar o quociente eleitoral. Então, o quociente eleitoral é uma informação importante para que o partido tome a decisão.

Também não adianta ser candidato em uma coligação onde os concorrentes, dentro da coligação, têm chances reais de ficarem à sua frente em um número tal que não permita que o esse candidato esteja entre eles.

Então são vários os detalhes que precisam ser pré-analisados, pois, só se percebe depois de feita a coligação ou decidido pela não coligação. O momento atual precisa ser acompanhado pelos filiados e por aqueles que manifestaram, no partido, a intenção de ser candidato nas eleições de 2010.

Só tem um jeito de influir no seu futuro como candidato – é discutir todas as decisões que a direção do partido tomar. Nesse momento não tem como deixar de levar o debate para dentro dos partidos.

Quando o partido tem facções claramente postas, há um complicador adicional - as próprias facções. Mesmo assim, “solteiro” ou coligado, daquele momento em diante, as facções internas pouco influenciam, a não ser no apoio que pode adicionar ou subtrair na possibilidade do candidato.

Pelos cálculos preliminares, o quociente eleitoral para deputado federal ficará em torno de 41.019 votos e para deputado estadual, em torno de 14.344 votos. São números que o candidato precisa ter em mente e escolher se vai garantido com o quociente e disputar com candidatos fortes ou se arriscar trabalhar pelo quociente e ser um forte candidato.

A unidade partidária, partido ou coligação, que não alcançar o quociente eleitoral está fora da divisão de vagas que serão entregues aos partidos. E não pode esquecer que o mandato pertence ao partido e não ao candidato.

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