sábado, 14 de junho de 2008

(25MAI2008)
A MINERAÇÃO NA AMAZÔNIA E A ORIGEM DE MUNICÍPIOS
A gênese de alguns municípios ligados à exploração mineral na Amazônia e no Amapá e o descompromisso com a eficiência na administração pública.


Para se compreender a nascente de um município em terras amazônicas, busca-se qual a relevância de tal território (ou territorialidade) para um cenário conjuntural, ou seja, qual papel que passaria a desempenhar numa teia de relações pré-existentes.
É evidente que algum tipo de recurso passa a atrair o povoamento de uma determinada localidade. Seja uma região ribeirinha, com grandes possibilidades de servir de fonte de alimentos para seus futuros habitantes; seja uma área coberta que proteja com eficiência das intempéries do dia-a-dia na Amazônia; seja a retenção de material com proveito econômico, significando potencial renda aos “exploradores”; seja a existência de jazidas de qualquer tipo de minério, o que poderia ser uma reserva estratégica para a nação-berço (ou outra qualquer); entre outros tantos atrativos para a ocorrência de aglomerado populacional.

Amazônia: uma região inóspita?
Por muito tempo se estigmatizou a região amazônica como inóspita. Talvez por cunho ideológico, ou realmente pela primeira aparência, mas o fato é que a imagem da Amazônia como aconchego para a habitação nunca foi propalada. O calor, altos índices pluviométricos durante meses, umidade elevada, muitos insetos (a Biodiversidade), tudo era fator que explicasse a baixa densidade demográfica conhecida há tempos.
Mas as intempéries citadas não espantaram a força do capital, que teimava em fincar as estacas de suas tendas para promover a exploração mineral. Daí a origem de vários projetos que contemplavam a mais-valia nos solos amazônicos, fixando a mão-de-obra em regiões sem identidade, que passaram a absorver os sonhos dos peregrinos em busca de melhor qualidade de vida que, sob a pretensa promessa do tão sonhado “Eldorado”, tomavam para si terras estranhas e iniciavam uma cultura velha num novo local.

O caos urbano
Percebe-se, então, que a realidade observada nos dias atuais tem uma origem compreensível, que nem tudo surgiu do nada (como parece), que o caos estabelecido em algumas cidades no interior da Amazônia tem uma lógica de formatação clara, apontando, inclusive, para uma outra lógica de funcionamento, que abastece de poder aqueles que do poder se utilizam para a continuidade do caos, estabelecendo o tal ciclo vicioso das relações entre os entes da organização social local.
Grandes empresas, sem vínculo histórico, local, desenvolvimentista, ou com a sociedade direta ou indiretamente impactada pela atividade de mineração, extraem os recursos naturais que não podem ser re-postos, pelo menos numa escala temporal humana. Tais recursos minerais, quando explorados e exportados num nível de agregação de valor bem baixo, sem deixar que o capital circule na localidade da exploração, deixam para trás um conflito de realidades (a do explorador e a do morador).
Por um lado, a busca pelos resultados com maiores saldos positivos possíveis, trazendo lucros vertiginosos para os acionistas que nem sequer conhecem a origem de tal lucro, muito menos as regiões e localidades que oferecem as condições perfeitas para a exploração mineral. Por outro, trabalhadores das grandes empresas exploradoras de minério, moradores de pequenas cidades com grandes problemas, vêem volumosos carregamentos escoarem a produção de seus esforços em troca de salários ínfimos que subsidiam a prostituição e os vícios.

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