segunda-feira, 28 de julho de 2008

(28JUL2008)
ALTA NOS JUROS PARA FREAR INFLAÇÃO!

BC aumenta em 0,75% a taxa básica de juros brasileira como alternativa para arrefecer o mercado nacional e a guinada inflacionária.


A revista americana Forbes entende que a decisão da última quarta-feira (23), tomada pelo Banco Central, em aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,75%, alcançando 13%, como uma ducha de água fria com a matéria em inglês Cooling off Brasil (esfriando o Brasil).

A medida vem para diminuir a demanda por crédito e, como conseqüência, diminuir a demanda nacional. Tal fenômeno também diminui a pressão sobre a alta dos preços, com reflexos diretos na inflação. O susto da alta da inflação para patamares acima da meta para 200 fez com que a política monetária nacional acionasse um instrumento necessário: o aumento da Selic.

A inflação deverá atingir 6,53% neste ano, um índice maior do que a meta de 4,5% estipulada pelo governo e maior do que o teto de 6,5%. A revista lembra que o presidente do BC, Henrique Meirelles, prometeu trazer a inflação para 4,5% até o final de 2009. Segundo a "Forbes", isso seria uma indicação de que outras elevações nas taxas de juros poderiam estar a caminho.

Prejuízos

Mas o aumento da taxa de juros não traz apenas os impactos de contenção da demanda. É esperado um impacto de R$ 3,49 bilhões na dívida do governo federal nos próximos 12 meses. Esse valor considera o pagamento adicional de juros que será feito pelo governo nesse período. Ganham os investidores que compraram títulos indexados à Selic (LFTs) ou investiram em fundos que possuem esses papéis em sua carteira.

De acordo com dados divulgados pelo Tesouro Nacional, no final de junho, a parcela dos títulos remunerados pela taxa Selic somava R$ 465,52 bilhões. Isso representa quase 40% da dívida pública do governo federal em títulos, que cresceu e chegou a R$ 1,247 trilhão em junho

Considerando o setor público como um todo, e não apenas o governo federal, a dívida indexada à Selic somava R$ 645,4 bilhões no final de maio (os dados de junho serão divulgados pelo Banco Central apenas na próxima semana). Nesse caso, o impacto do aumento dos juros anunciado quarta-feira passada, para um período de 12 meses, é de R$ 4,841 bilhões.

Em Braslia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está convencido de que a alta de 0,75 ponto porcentual na taxa básica de juros brasileira foi "absolutamente necessária" para segurar o aumento dos preços e evitar que a inflação chegue a dois dígitos em 2009. Lula conversou com o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e foi informado de que era preciso acelerar o ritmo de alta dos juros. Não resistiu. Ao contrário: deu todo apoio à medida.

"Vamos fazer o que tem de ser feito", disse o presidente. A preocupação do Palácio do Planalto é de que a inflação volte a atazanar a economia e provoque perda da renda do trabalhador. Pelas análises apresentadas por Meirelles a Lula, se os juros não começassem a subir de forma mais veloz agora, a escalada de preços e a retração econômica teriam maior impacto sobre o País em 2010, ano de eleição presidencial.

Sem esconder o interesse em eleger seu sucessor - ou "sucessora", como costuma brincar, numa referência à chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) -, Lula já avisou que fará de tudo para a economia não desandar. Em mais de uma ocasião, ele garantiu aos ministros mais íntimos que não medirá esforços para não pôr a perder as principais conquistas de seu governo - a estabilidade da economia e o aumento do poder aquisitivo dos mais pobres - justamente no último ano de mandato, às vésperas da eleição.

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