terça-feira, 30 de junho de 2015

PLANO DE AÇÃO ESTRATÉGICA PARA A SAÚDE (SOMENTE)???


Rodson Juarez[1]

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Governo do Estado do Amapá (GEA) anunciou no dia 29/06 uma série de medidas que visam melhorar o atendimento no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA) e também no Pronto Atendimento Infantil (PAI). Essas unidades são referência em atendimento pediátrico no Estado, com mais de 200 atendimentos diários de alta e média complexidade.
Uma equipe formada por médicos, enfermeiros, assistente social, arquiteto, engenheiro e fisioterapeuta, realizaram visitas técnicas durante um mês dentro do HCA e do PAI. O objetivo foi detectar os gargalos e apontar as soluções. Após o estudo, a equipe formalizou o plano de ação, que estabelece metas para sanar os problemas em curto, médio e longo prazos. Hoje, os principais problemas identificados são superlotação, falta de fluxo de atendimento e estrutura física inadequada.

Essa forma de trabalhar apresenta conexões com o que há de mais moderno na administração pública, absorvendo método de gestão de empresas e aplicando às rotinas públicas. A eficiência, como princípio constitucional da administração pública, obedecendo ao binômio “qualidade de serviços” e “racionalidade de gastos”, carece de adoções racionais como essa.
A gestão da coisa pública vem se comportando nas últimas décadas, no Brasil todo, como uma gestão com foco no problema, ou seja, representa caráter reativo e sempre nos remete ao termo “apagar incêndio” ou “matar um leão por dia”. Esse perfil se afasta daquele pretendido pelo legislador, representante do povo e, assim, do que é relevante para a sociedade, que reside na gestão adequada do erário.
Então, um perfil mais proativo e como foco nos resultados esperados, traçados antecipadamente e em plano de ações estratégicas, pode representar o espírito constitucional desenhado para o administrador público. Nada mais que uma resposta na medida certa, nem além nem aquém do esperado para o gestor público mediano, mas que ganha grande destaque quando nenhum outro o faz.
Esse tipo comportamento em relação ao trabalho é o mínimo que se deve esperar do gestor público. Analisando fotos da década de 1950 a 1970 podemos ver homens reunidos pelo trabalho público, em seus domingos e em períodos chuvosos. Naquele período dava-se o jeito para realizar as ações que a comunidade esperava e projetava, mais que reparar problemas que assolavam a gestão.
Nos dias atuais vemos homens públicos fazendo esforço para gozar férias. Como pode, em pleno primeiro ano de mandato, alguém do primeiro escalão de um governo, seja ele municipal, estadual ou federal, tirar férias ou viajar a passeio para o exterior? Esse comportamento remete aos marajás, da nobreza indiana, que viviam de renda de seus investimentos ou da relação como o governo, sem precisar trabalhar.
Afinal, ganhar uma eleição não pode representar ganhos de investimento, ou ganhos de relacionamento privilegiado de uma nobreza informal, mas fática, com o poder governamental. Um mandato deve ser encarado, acima de tudo, como uma missão, seja ele no poder executivo, legislativo ou mesmo judiciário (como cargo vitalício).

Não vemos mais a evidência da abnegação dos homens que se propões e gerir a política de desenvolvimento humano dos brasileiros. Essa repartição do poder e seus privilégios, dividindo a ação pública em blocos partidários não parece ser uma estratégia comportamental válida para a resolução de problemas gravíssimos, nem de elaboração de propostas válidas para projetar um cenário mais favorável ás comunidades das cidades.
Esse Plano de Ação, assinado e divulgado pelo secretário da SESA, Pedro Leite, pode servir de exemplo para outros setores relevantes da administração pública, ainda nesse espaço de tempo diminuto que resta para esse ano, afinal, os gestores deveriam pensar o Estado para além do período de seus mandatos, pois continuarão suas vidas, mesmo fora do poder, no mesmo espaço que gere por enquanto.


Crédito das imagens: ©Márcio Pinheiro/Agência Amapá (1); goo.gl/zuXr5I (2) 




[1] Economista, mestrando em Desenvolvimento Regional e tutor do curso superior em Administração Pública da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). 

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