terça-feira, 27 de janeiro de 2009

NAUFRAGIO... UMA NOVA VIDA

Ontem (26), completou sete anos de uma das tragédias fluviais que mais marcaram o Estado do Amapá, o naufrágio do barco “Cidade de Óbitos VI”, que vitimou sete pessoas, dos 187 passageiros e tripulantes que estavam na embarcação com capacidade para 300 pessoas.A tragédia que ganhou ampla repercussão nacional por ter acontecido com uma embarcação repleta de autoridades políticas, ocorreu no Rio Jari, a algumas horas do município de Laranjal do Jari, Sul do Estado do Amapá. O acidente que ceifou as vidas de: Carina dos Santos, Luan Richard, Arquimedes Afonso, Cláudia Colares dos Santos, Alexandre Junior, Vitor Santos e Simone Teran, ocorreu na madrugada do dia 26 de janeiro de 2002, por volta das 5 horas da manhã. Uma balsa de ferro, que estava a deriva chocou-se com o barco Cidade de Óbitos VI, abrindo um grande buraco no casco da embarcação, que não demorou muito para afundar, e deixar todos os passageiros lutando pela sobrevivência. Uns tiveram mais sorte e conseguiram pular para a própria balsa, outros nadaram o que puderam para as margens do rio e por lá ficaram horas a espera do socorro.

No Cidade de Óbitos VI estavam políticos como: Fátima Pelaes (deputada federal), Mira Rocha (deputada estadual), Rosemiro Rocha (ex-prefeito de Santana), Dr. Manoel Brasil (deputado estadual), Antonio Feijão (ex-deputado federal), entre outras personalidades do estado como o ex-presidente da Federação das Indústrias do Amapá (FIAP), Rodolfo dos Santos Juarez, que com seus filhos, Rodson e Rodrigo Juarez, foram os primeiros sobreviventes a chegaram em Macapá.


Meu depoimento:

Era um convite irrecusável. Eu que amo minha terra, não a conheço por completo ate hoje, não poderia recusar a oportunidade de acompanhar meu pai e participar dum evento político histórico no sul do Estado. Zarpamos, era uma tarde de sábado, nublada, típica do período chuvoso na Amazônia. Estávamos entusiasmados pela experiência. Muita diversão, conversas e acertos políticos já se iniciavam durante a viagem. A noite caiu de repente e aos poucos cada passageiro se ajeitava para um descanso anterior às atividades do domingo.

Lembro-me, até hoje, do som bizarro que rompeu a noite e o sono de todos. Uma balsa, parada numa curva do rio Jarí, recebia o impacto da embarcação que conduzia diversos dignitários e seus acompanhantes. Num salto, procurei pelo meu pai. Achei-o logo. Ele passava tranqüilidade, mesmo sem saber ao certo o que ocorria.

A cena era incrível: a balsa entrara no casco do navio, e mantinha a embarcação na superfície, o que possibilitava vários passageiros, em desespero, passarem para a balsa. As manobras tentadas pelos comandantes assustaram em muito o marujo que verificava o dano. Quando percebia a fisionomia daquele homem se alterando aos poucos, percebia também a gravidade da questão. Não imaginava que realmente afundaria... mas os olhos arregalados do marujo denunciavam. As maquinas param. Um som de curto circuito elétrico. As luzes se apagaram. As águas tomaram o convés. Gritos de desespero.

Tentei acordar meu irmão Rodrigo, mas não consegui. Peguei meu pai pelo braço e tomamos a decisão de pular. Por instinto, nadamos para a margem direita do rio que, coberta pela escuridão da madrugada, parecia estar a léguas do navio que afundava. “Meu Deus do céu!!!”. Foram as primeiras palavras de meu pai ao fixar os olhos espantados na tolda da embarcação, que sumia, engolido pelo rio faminto e caudaloso. Dali, equilibrado numa aninga (experiência ribeirinha da infância afuaense de meu pai), chorei a morte incerta de meu irmão Rodrigo e de meu tio Carlos Roberto (o tio Pé), que sumiram na confusa e barulhenta escuridão. Foram umas três horas de espera.

O sol nascera, mas não havia esperança, mesmo pela graça divina de um novo nascimento. Afinal, sumiam duas pessoas que eu amava. Como porcos fomos recolhidos por uma embarcação pequena, jogados de qualquer forma para dentro (eram muitos a serem resgatados). Comecei a ajudar. Grata surpresa: embarquei meu tio. Ao chegar num lugar seguro avistei meu irmão que, chorando, aliviou-se por reencontrar a mim e ao meu pai. Sete pessoas se foram no acidente. Os pêsames às famílias.

Graças ao meu Deus, que nos deu a oportunidade de continuar em família. Hoje, muita coisa mudou; sorrimos; perdemos outros (saudades); enfim, a vida continuou.

sábado, 24 de janeiro de 2009

O EQUILÍBRIO POR UM TRIS...

Corte na Selic, ampliação de crédito pelo BNDES, desoneração tributária, redução no spread bancário, entre outras medidas para salvar a economia.

A desvalorização do Real no ano passado não afetou o nível geral de preços, deixando quase que intacta a taxa de inflação real. A elevação dos preços se deus nos produtos nacionais de baixo valor agregado, produtos sem grande influencia do dólar mais caro, mas com grande impacto no bolso das famílias nacionais. Tal fenômeno levou à retração dos juros nominais na economia brasileira como forma de incentivar o credito mais uma vez. Depois da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada na última quarta-feira (21), cortando a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, vários bancos também anunciaram juros mais baixos para pessoa física e empresas.


Entretanto, ainda é preciso cuidado na hora de se endividar. O ideal é que você não se empolgue muito nesse primeiro momento e faça bem as contas, porque, na prática, essa redução de juros, apesar de ser muito bem vinda, ainda terá pouco efeito para o consumidor. Além disso, é bom ficar atento porque não são todas as taxas de empréstimos que vão cair. De qualquer forma, a decisão do Copom foi bastante positiva, depois da pressão feita por parte de trabalhadores, empresários e governo. Pela primeira vez, desde setembro de 2007, a taxa caiu, passando de 13,75% para 12, 75% ao ano.

Apesar do corte, vários setores, inclusive dentro do governo, acreditam que ainda é possível reduzir mais a taxa de juros do país, que possui as taxas de juros mais altas do mundo. Além disso, com a crise econômica mundial, o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, acredita que a economia precisa ser estimulada e um esforço para a continuidade do corte de juros é necessário. “No momento em que a economia precisa ser estimulada, é preciso um esforço, para que o custo financeiro seja reduzido no país. Mas estamos no caminho certo”, declarou.

Muitas outras medidas precisam ser tomadas. Não somente a expansão do crédito para as famílias ampliarem o consumo, mas medidas de infra-estrutura da economia, como ampliação de crédito ao produtor rural, desoneração tributária (tão esperada há décadas), medidas para a manutenção dos postos de trabalho, para que não ocorra retrocesso no nível de renda nacional, fortalecimento da economia nacional através da indústria local, etc.

Outra questão que influencia diretamente a estratégia utilizada pelo governo é o spread bancário, ou seja, diferença entre a taxa de aplicação e a taxa de captação, que varia em muitos pontos percentuais entre pessoa física e pessoa jurídica, bem como entre as modalidades de crédito, conforme as garantias. Uma regulação mais severa por parte do Banco Central poderia reduzir os ganhos dos banqueiros e deixar uma margem de manobra maior para o governo, garantindo a efetividade da política monetária oficial. Muitos interesses em jogo: os maiores lucros da história de instituições financeiras na America Latina.

Não vivemos numa ilha incomunicável. Por isso os impactos da crise são avassaladores por aqui também. Por isso nossa economia não observou elevação nos índices de inflação, pois os preços caíram em todo mundo e, ainda com o real em desvalorização, mantivemos os preços nacionais dentro da meta. Esse comportamento de nossa economia dá ânimo aos investidores internacionais, mas a gigantesca carga tributária brasileira, casada com um Estado Nacional muito forte e presente (mas corrupto), espantam o capital que poderia auxiliar o alavanque de nossa economia.

Parece que ainda pouco se aprende com a lição de dias que acabam de ser vividos. A aposta alta no crédito para pessoa física ainda parece a salvação para os males sociais de um sistema desorganizado e caótico. Como prever comportamentos num cenário tão adverso e diverso? Ainda construímos nossas asas sem alicerce num terreno arenoso que logo, logo pode ceder e ruir as estruturas de toda nossa sociedade.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

POLÍTICA - Sobe índice de ausência dos senadores em 2008 (Gilvan Borges - PMDB/AP - entre os mais faltosos)

Escrevo hoje não só como economista, mas como cidadão. Não era para se espantar... Quem acompanha um pouco se quer da vida política de nossos representantes já previa o resultado vergonhoso de um senador amapaense entre os cinco senadores mais faltosos. É verdade, quem já cometeu a sandice de falar que estava “presente em espírito” numa sessão plenária do Congresso Nacional pode muito bem continuar sua vida política de qualquer jeito.... como der.

Não são minhas as palavras, mas de um levantamento feito pelo site “Congresso em Foco”, que revelou que os senadores faltaram mais às sessões deliberativas da Casa em 2008, quando o índice de ausências nas sessões destinadas a votações de projetos de lei, medidas provisórias e outras matérias saltou de 18,06%, em 2007, para 26,59%. Embora tenham promovido 97 sessões deliberativas no ano passado, os senadores acumularam 1.782 faltas em 2008, número superior às 1.738 ausências registradas nas 119 sessões de 2007. Entre as faltas justificadas (1.442), menos de 10% delas foram motivadas por problemas de saúde. Apesar de o número de ausência ter aumentado as faltas sem justificativas despencaram de 1.545, em 2007, para apenas 340, em 2008.

O índice de assiduidade dos senadores também ficou abaixo do registrado na Câmara em 2008. Os deputados concluíram o ano legislativo com média de 16% de ausência em plenário, mais de dois pontos percentuais acima da marca registrada em 2007.


Ausente em mais de um quarto das reuniões convocadas para votação em plenário, o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) teve o maior número de faltas sem justificativas. Das 27 ausências, apenas seis foram abonadas por meio de licença para missão oficial ou missão política de interesse do parlamentar. É evidente que o partido com maior número de cadeiras, o PMDB, tem a maior probabilidade de faltas, mas o dever legal e moral com os votos nele investidos deveriam impedir tal comportamento. Dentre eles está o Senador Gilvan Borges, que tanto brigou pelo direito de honrar e defender os interesses coletivos, não só do Amapá, mas de todo o Brasil, tirando Capiberibe da cadeira para deixá-la vazia. Que os fiscais da moralidade continuem no encalço do “andarilho” da Amazônia, que ele conheça nossa realidade, mas que faça usufruto do poder nele investido através do voto legal.

As idéias expostas nesse post são para a melhoria das relações entre o povo e seus representantes, jamais me furtaria tempo, ou de minha família, para denegrir ou perseguir qualquer que seja a imagem pública, que pelo próprio termo, é pública, sujeita as avaliações mais sinceras e enérgicas prováveis. Nada que um bom trabalho, honesto, dentro dos princípios básicos esperados de um senador, não cubra os deslizes pelo caminho. Tempo ainda há para tal recuperação. Boa sorte, não! Bom trabalho, não somente aos senadores pelo Amapá, mas a todos que nos representam nos três poderes dessa Republica em construção!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

FGTS – Ampliação das condições para pagar imóvel

O pacote habitacional em gestação no governo poderá elevar dos atuais R$ 350 mil para cerca de R$ 500 mil o teto do valor dos imóveis com financiamento pelo FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). O novo Plano Nacional de Habitação, base do pacote, prevê a concentração de recursos orçamentários e, principalmente, do FGTS para famílias com renda mensal de até R$ 2.000. No entanto, a demanda das construtoras é voltada para imóveis direcionados a pessoas com renda bem acima desse teto. O pacote habitacional visa evitar uma queda brusca no crescimento econômico através do reaquecimento da construção civil, passo tomado pelos EUA para dar início à crise econômica atual.

Os 8% que hoje são descontados do salário dos trabalhadores e repassados à Caixa Econômica podem ser diretamente usados para abater o valor da prestação de um imóvel financiado. A medida faz parte de várias ações que estão sendo pensadas para permitir que a economia brasileira cresça pelo menos 4% este ano. Isso porque o governo constatou que o setor que pode dar uma resposta mais rápida é o da construção civil. As medidas devem ser anunciadas até o fim do mês de janeiro.

O uso do FGTS para o abatimento automático do saldo devedor tem como objetivo incentivar os bancos a emprestarem mais ao setor da habitação. Hoje, as parcelas do contrato podem comprometer entre 20% e 30% da renda mensal do trabalhador e, com a medida, as instituições financeiras teriam a garantia de 8% do valor.
É a continuação ou mutação do crédito. Quando tudo parece impedido, uma nova modalidade de crédito aparece ou se modifica, com a finalidade de atrair a renda da família. O alerta continua. A renda é finita e com tendências a diminuir. Até quando a aposta para o crescimento e desenvolvimento da economia vai repousar sobre o terreno arenoso e insólito do crédito??

domingo, 18 de janeiro de 2009

AS FAMÍLIAS DEVEM MAIS EM 2008

Como esperado, o brasileiro deve mais, paga menos, sente os impactos da expansão do mercado de créditos combinado com uma crise mundial

Num ano de recordes de lucro das instituições financeiras no Brasil, 2008 também observou um aumento nos índices de inadimplência, que alcançou as alturas vistas somente cinco anos antes, numa outra crise. Um aumento de 8% no nível pode ser considerado um “bom” número, diante do cenário de crise que mais uma vez se estabelece. De certo, tal cenário não é propício para se festejar muitos resultados, mas variações negativas com baixo impacto já podem significar “vitória”, mas a variação indicada pelo Serasa não é tão animadora assim.

O mês de novembro passado teve a inadimplência dos consumidores elevada em e alcançou 7,8% do total de empréstimos pessoais. O número era o maior desde agosto de 2003, quando o percentual ficou em 7,9%. Em dezembro houve novo aumento, mas com menor impacto, ficando em 2,5% em relação ao nível anterior, que já era recorde.

A alta foi de 2008, segundo dados divulgados pela Serasa, semana passada, foi bem maior do que na comparação entre 2007 e 2006, quando a alta foi de 1,7%. A dívida mais frequente foi a adquirida junto aos bancos, apontada por 43,2% dos inadimplentes. Em seguida estão as dívidas com cartões de crédito e financeiras, responsáveis por 33,7%, ainda, os cheques devolvidos (21%) e títulos protestados (2,2%).

A diminuição da renda dos consumidores, afetada pela inflação nos itens básicos, influenciou a alta da inadimplência, juntada às elevações na taxa Selic, que subiu 2,5% ano passado, e a elevação dos juros devido às incertezas dos mercados frente à crise financeira mundial. É assim caros leitores, quem sofre mais com as decisões políticas, política monetária neste caso, é a parcela da população com a renda mais baixa, que recorre ao mercado de crédito e paga as maiores taxas de retorno às instituições financeiras. Parece um jargão esquerdista, mas realmente é real: o pobre, cada vez mais pobre; o rico, mais rico!

Inadimplente? Quem?

É considerado inadimplente quem atrasa o pagamento dos empréstimos em mais de 90 dias. Se forem levados em conta também os consumidores que atrasam 15 dias ou mais, o nível de inadimplência em novembro passado subiria para 14,3%, sendo que em novembro de 2007 o percentual havia ficado em 13,4%.

Ao administrar suas finanças, você deve ficar atento para sinais que indicam que você enfrentará problemas de inadimplência. Se os seus gastos mensais forem superiores à sua renda mensal, se você não sabe quanto deve, se muitas vezes você paga contas com atraso, não consegue pagar o saldo mínimo em suas contas, pede emprestado mais do que pode pagar, obtém novos empréstimos para pagar empréstimos antigos, perdeu seu emprego ou pede dinheiro emprestado para as despesas do dia a dia, estes são sinais de que você está tendo dificuldade em cumprir seus compromissos.


Quais as novidades. Parece que os brasileiros precisamos enxugar nossas finanças familiares. Mas a palavra de ordem do presidente num pronunciamento recente era otimista e imperativo ao consumo. Onde estamos afinal? Numa ilha isenta às tempestades mundiais, numa Cuba livre de tormentas? Os sinais são expostos na carne dos sindicalizados na indústria nacional, nos níveis de negócios mundiais, nas quedas dos preços das commodities, no nível de inadimplência, aliás, toda a crise norte-americana começo assim.

É o jeito...

A falta de crédito estimula saques e captação líquida da popança cai 47% em 2008. Vejamos direito. Não é que diminuiu o nível de poupança. Na verdade tal nível até subiu em 2008, mas a falta de crédito, causada pela crise financeira global, fez com que os investidores brasileiros recorressem à poupança para equilibrar o orçamento. Com isso, o número de saques nas cadernetas subiu consideravelmente no ano passado, fazendo com que a captação líquida (diferença entre depósitos e saques) caísse 47,15% entre 2007 e 2008. A queda se dá devido à necessidade de recursos diante da situação econômica.

Sem saída, o jeito é recorrer aos fundos de reserva pessoal. Com certeza muitos sonhos perdem a possibilidade de serem realizados para os juros do cartão de crédito sejam pagos e as contas de início de ano possam ser feitas. Parece que nem a classe média (baixa ou alta) está “imune” aos impactos da crise econômica, que não é mais financeira somente. A alta do feijão, do trigo, do petróleo e do ferro impacta gregos, troianos e quem quer que seja.

Tiro no pé:


Com a intenção de facilitar a circulação de mercadorias no território nacional e a arrecadação do ICMS, a substituição tributária deve acabar trazendo o aumento de preços para o consumidor final, já impactado por diversos outros fatores. O consumidor deve pagar mais caro por produtos farmacêuticos, de perfumaria, higiene pessoal, limpeza, da indústria alimentícia e materiais de construção, entre outros, por conta das novas regras da Substituição Tributária. Com as novas regras, o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que antes era cobrado no momento da venda final, passa a ser pago pela indústria, transferindo, assim, o aumento dos custos para o consumidor final. As novas regras da Substituição Tributária antecipam o recolhimento do ICMS de vários produtos de grande circulação, fazendo com que o imposto seja cobrado no primeiro elo da cadeia produtiva, a indústria.


É verdade que o impacto é mais psicológico que real. Se a tributação tem a mesma alíquota, não influenciaria no preço final. Mas o ânimo do seu “Ceará”, do mini-box do canto não é esse. Como ele pagará “mais” pela mercadoria, tenha certeza que ele calculará o preço da mesma forma que ele aprendeu há décadas atrás, passando os custos para o consumidor final, a Dn. Maria e S. Joaquim de todo o dia (nós mesmos). Parece que as políticas nunca acertam. Tentam, mas não conseguem atingir com eficácia e eficiência seus objetivos. Como arcar com mais essa num orçamento familiar cada vez mais comprometido?

sábado, 17 de janeiro de 2009

A CRISE ECONÔMICA NA PELE

Os impactos reais da crise estão estampados em diversos segmentos da economia. São empregados receosos som o futuro no emprego, são empresários inseguros para reinvestir na produção, são consumidores preferindo poupar, retenção de divisas nas famílias que ainda tem fundos, etc.

No setor automotivo, um dos primeiros a sentir as primeiras “marolas” do tsunami que chegaria, as principais empresas começaram o ano com novos anúncios de paralisação e corte de produção, graças à queda na venda de carros registrada desde outubro, reflexo da crise econômica internacional. As novas medidas estão sendo tomadas apesar de incentivos dados pelo governo brasileiro ao setor, como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), e do resultado das vendas de dezembro, que superaram as de novembro, sinais do otimismo oficial brasileiro.

A General Mortos (GM), a primeira montadora do país a reduzir a produção por causa da crise, voltou a anunciar férias coletivas, desta vez para 300 funcionários do setor de motores, na fábrica de São José dos Campos (SP). Outras empresas do ramo automobilístico como Peugeot/Citroën, Renault e Fiat também tomaram a mesma decisão. A suspensão das vagas pode custar de R$ 2 bilhões a R$ 10,5 bilhões ao governo com seguro-desemprego, segundo estudo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

A medida de interromper o trabalho está prevista na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e pode ser aplicada desde 1999. O mecanismo é chamado de Bolsa-Qualificação e conhecido como "layoff". Entretanto, as empresas que o adotam precisam treinar seus funcionários, que deve aceitar a suspensão.

É evidente que nossa realidade não é impactada de maneira tão evidente pros lados do norte, devido ao tímido setor produtivo. Mas nas regiões centrais, com a indústria robusta, são desastrosos os impactos. Cidades inteiras do interior de Minas Gerais e de São Paulo, com sua economia arraigada em mercado e extração de commodities, parecem paradas no tempo, chamada por alguns de “cidades-fantasma”. Caso parecido com a sede do município de Serra-do-Navio, na região central do nosso Amapá, que teve sua funcionalidade interrompida juntamente com as atividades da mina de extração do minério de ferro. Será que termos várias Serras pelo Brasil à fora?

sábado, 10 de janeiro de 2009

NOVAS REGRAS PARA O IMPOSTO DE RENDA

Novas faixas salariais e novas alíquotas para o desconto do IR devem garantir o equilíbrio do jogo, aumentando o nível de consumo e melhorando a estrutura da economia no Amapá.

Entrou em vigor no primeiro dia do ano a nova tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), que vai reduzir os descontos na folha de pagamentos de cerca de 24 milhões de brasileiros. Na verdade tal medida foi acordada para que haja uma recuperação no consumo, diminuído com a crise aportada pros lados de cá.

É fácil entender o que muda: No regime antigo, os cidadãos com salário até R$ 1.434,59 ficariam isentos do imposto retido na fonte, enquanto que a faixa entre R$ 1.434,60 e R$ 2.866,70 pagaria 15% e aqueles com renda mensal acima de R$ 2.866,70 seriam tributadas em 27,5%. Tais valores levam em consideração os reajustes previstos de 4,5%. Com a nova regra mais duas faixas salariais passam a ser consideradas. A parcela entre R$ 1.434,60 e R$ 2.866,70 foi desmembrada e passou a pagar 7,5%, na faixa até 2.150 reais. Acima disso a tributação continuará em 15%. A faixa acima de R$ 2.866,00 também foi dividida. Aqueles que ganham até R$ 3.582 pagarão 22,5% de Imposto de Renda, enquanto a maior alíquota, a de 27,5%, incidirá sobre a parte do rendimento superior a R$ 3.582,00.

Entendamos... quem ganha menos, dentro das faixas salariais previstas, vai contribuir menos. Ainda outras medidas serão acionadas, como elevação da isenção por dependente e com gastos com instrução, ou seja, em 2009 mais dinheiro vai permanecer nas mãos dos contribuintes. O governo espera que tal dinheiro tome os caminhos dos mercados reais, não dos mercados financeiros, para que a “roda da economia” gire e faça a todos sorrir.

Outro grande impacto ocorrerá na arrecadação. Só o Imposto de Renda arrecada cerca de 40% dos fundos públicos nacionais. O que é esperado é um aumento gradativo na base de arrecadação oficial, mas tal aumento será do médio prazo para mais, uma vez que tal resposta esperada se dará em esfera estrutural, a saber, quando aumentar o consumo, a produção, as vagas de emprego e o nível de renda da economia nacional, numa cadeia cronológica que demanda algum tempo. Até lá, o governo espera “equilibrar” o mercado com seu otimismo sem norte.


No Amapá


Os principais impactos caem sobre os funcionários públicos. Tais impactos serão positivos, pois grande parte da economia local funciona através dos salários, gerando uma expectativa de aumento do consumo, não para o inicio deste ano, mas para o final dele, quando todos perceberem as alterações as alterações em seus contracheques.

Lembremos que os resultados não serão imediatos. Caso ocorram, demandarão tempo. Mas há uma diferença essencial para o resto do Brasil: a parcela de contribuição local com o montante do Imposto de Renda ante os demais estados, com maior participação do setor produtivo. O Amapá, por ter pouca produção e grande comércio para atender os funcionários públicos, talvez observe os benefícios de forma mais rápida. Não será o crescimento da base de recolhimento do imposto, mas o mero aumento do consumo e das vagas de emprego nas faixas salariais isentas, uma vez que o comércio oferece salários abaixo das faixas de recolhimento do IR.

Esperemos para ver qual o verdadeiro impacto da medida. Não é torcer contra, mas muitas vezes o tiro sai pela culatra, ainda mais quando se prevê um comportamento que é imprevisível, o do mercado, seja financeiro, seja real. A verdade é que, por mais otimistas que sejamos, ainda estaremos flutuando com cenário econômico mundial, onde quem dá as cartas não somos nós, talvez nunca seremos, indo “pra lá e pra cá”, pra onde o vento sopre. Torçamos para que os resultados sejam os melhores, como numa aposta.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

AFINAL, O QUE É ECONOMIA???



A economia é como uma arte. A arte de usar recursos finitos para a satisfação de necessidades humanas infinitas.


Muito se fala, discute e se ouve sobre economia e como evolui a crise financeira. Aliás, é muito comum a confusão entre finanças e economia, sendo que economia é algo muito maior, mais que apenas finança, é social. Assim, outros conceitos que não podem ser desprezados são crescimento e desenvolvimento econômico, que representam significação diversa, sendo o primeiro o “crescimento contínuo da renda per capta ao longo do tempo” de uma determinada economia, já o segundo termo pode ser entendido através de variáveis de cunho qualitativo como pobreza, desigualdade, alimentação, educação, moradia, condições de saúde, acesso ao saneamento básico, entre outros.

A proposição de um estudo que levante a evolução das Ciências Econômicas é mais que procurar um simples entendimento dessa ciência. Quando se busca a compreensão da evolução da organização do pensar econômico, uma cadeia de explicações se evidencia para a elucidação da dinâmica social, com as mais diversas relações entre seus atores, sejam passivos ou ativos, dominantes ou dominados, concentrados ou difusos. É como se pudéssemos usar óculos com “lentes de economia”. Bastaria uma breve olhada para a história e a dinâmica social seria vista, límpida e exposta, com suas motivações fiduciárias e de manutenção de uma ordem que nascera falida.

Então, o desenvolvimento econômico engloba tanto a formação do produto quanto a alocação dos recursos pelos diferentes atores do cenário econômico, com o objetivo de melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social de forma mais próxima possível da auto-sustentacão, tão aclamada atualmente. Segundo Ignacy Sachs, “a renovação do pensamento sobre o desenvolvimento” é “o mais importante desafio intelectual dos anos vindouros”, uma vez que propõe uma forma de se analisar o desenvolvimento de uma forma integrada, a ser visto como processo social, tendo o homem e a humanidade como foco.

Percebamos que a economia é muito mais que poupar, lucrar, consumir, vender. É mais que o mercado financeiro e seu equilíbrio que nunca se percebe. É mais que a fungibilidade da moeda volátil e virtual de hoje em dia. É mais que taxa de juros e números mostrados no noticiário em horário nobre, preenchendo nossas cabeças confusas. É tudo isso sim, mas não só isso. É tudo isso e seus significados sociais. É tudo isso e seus reflexos dentro de casa. Por falar em casa... quem contava que o boom do mercado imobiliário norte-americano acabaria por sacudir toda a estrutura econômica. Pois é.


A economia é como uma arte. A arte de usar recursos finitos para a satisfação de necessidades humanas infinitas.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

QUEM GANHA MAIS???

Todos sabem que em momento de crise o comportamento do consumo deve se modelar. A pesquisa e a comparação dos preços devem fazer parte do dia-a-dia da dona de casa e do diretor executivo de qualquer que seja a empresa. Com a expansão sem precedentes do crédito, seja de pessoa física ou jurídica, as taxas de juros também devem estar em pesquisa, já que é o preço dos empréstimos tomados na economia. A Caixa Econômica Federal apresenta atualmente as menores taxas, ou seja, os menores preços. Antes de buscar uma nova tomada de créditos, investigue as condições do seu banco, se há no mercado outras ofertas mais agradáveis e tenha bom-senso, o mar não está pra peixes. Existem tubarões com os olhos maiores que a barriga, abocanhando grande parte da renda das famílias, executando taxas 50% mais caras que os demais bancos. Seja esperto! Pesquise e compare!
Os resultados desenfreados do crédito a qualquer custo

Os principais resultados econômicos de 2008 não refletem a tênue tendência do consumidor em aumentar a confiança no mercado, diante de um comportamento irregular durante todo o ano. Será a tal confiança exacerbada da República nela mesma que ecoa no ânimo do consumidor? A questão é bem séria. O mercado de créditos já encontra dificuldades em sua expansão? Crescer pra onde se há limites na renda das famílias e muito se apostou nessa modalidade de crédito, deixando a pessoa física endividada e com o consumo comprometido.

A crise iniciada em solo fértil americano comprometeu todo o sistema financeiro global, alcançando os mercados reais, físicos, produtivos, com impacto direto na renda já comprometida, com reflexos sociais ainda em construção, mas já sem previsões otimistas, mesmo diante de tanto otimismo oficial.


As bolsas asiáticas não foram as únicas a fecharem com forte desvalorização em 2008, onde após o dia 30 de dezembro de 2008, todas as bolsas americanas fecharam com forte desvalorização anual. Dow Jones encerrou 2008 com queda de 33,8%, próxima a grande depressão de 1931, onde o índice desvalorizou 52,67% no ano. No mesmo patamar, S&P 500 perdeu 38,5% e a Nasdaq cedeu 40,5%, registrando o seu pior desempenho anual. As bolsas européias também tiveram um terrível ano, com destaque para o índice FTSE 100 (Inglaterra - Londres) que marcou uma queda de 40,5% no ano. O Ibovespa registrou o seu pior ano desde 1972, caindo 41,22%.


O barril Opep, controlado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo, fechou 2008 cotado a US$ 35,58 na NYMEX. Este valor, muito abaixo do seu topo histórico (TH) registrado ao longo do ano, não atrapalhou o recorde na média geral de 2008, registrando valores médios de US$ 94,45 no ano, valor altíssimo, considerado o peso que o recurso tem na matriz energética do sistema de produção atual, com impactos em toda a cadeia de produção e abastecimento, ou seja, no dia-a-dia de todo o mundo.



No Amapá


Dos aproximadamente 22 mil servidores públicos do Estado, cerca de 19 mil recorreram ao crédito, oferecido com facilidades nunca vistas em outras épocas. No ano passado foram observados vários colapsos no consumo local. É muito dinheiro comprometido! Muito da renda amapaense “travada” nas agências financeiras. São mais de R$ 460 milhões nessa modalidade de crédito, sendo que a folha estadual circula pelos R$ 3,6 milhões. Tais dados foram divulgados numa entrevista oferecida pelo Deputado Federal pelo Amapá (PMDB), o também economista Jurandil Juarez, que mostrou a preocupação com os efeitos do fenômeno local.


A expansão do crédito garantiu a prorrogação dos impactos da crise, bem como, nos EUA, representou sua principal causa. Talvez a crença desmedida numa recuperação futura tenha “cegado” os mais otimistas e contaminado os estudiosos na busca por uma vacina ainda desconhecida para o equilíbrio do mercado nos moldes neoclássicos.


As famílias amapaenses sofrem atualmente por escolhas e ofertas encantadoras que garantiram o aumento do volume das “porcas” de muitos bancos, aferindo resultados recordes em 2008, garantindo-lhes espaço no hall das empresas com maior crescimento e volume absoluto de lucro, em detrimento de empresas produtivas, que observaram menores investimentos com o medo global da crise, antevendo os mercados menos dispostos a bancar os riscos da produção sem cliente.


O Amapá é mais um no truncado cenário da crise. Como afirmaram o Economista Charles Chelala e o Engenheiro Rodolfo Juarez numa análise do fechamento de 2008: se não fosse a tão famigerada “economia do contracheque”, seria ainda pior. Mas tais números do mercado de crédito apontam que há limites para os funcionários públicos estaduais. Como será o natal do ano que vem.

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