sábado, 24 de janeiro de 2009

O EQUILÍBRIO POR UM TRIS...

Corte na Selic, ampliação de crédito pelo BNDES, desoneração tributária, redução no spread bancário, entre outras medidas para salvar a economia.

A desvalorização do Real no ano passado não afetou o nível geral de preços, deixando quase que intacta a taxa de inflação real. A elevação dos preços se deus nos produtos nacionais de baixo valor agregado, produtos sem grande influencia do dólar mais caro, mas com grande impacto no bolso das famílias nacionais. Tal fenômeno levou à retração dos juros nominais na economia brasileira como forma de incentivar o credito mais uma vez. Depois da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada na última quarta-feira (21), cortando a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, vários bancos também anunciaram juros mais baixos para pessoa física e empresas.


Entretanto, ainda é preciso cuidado na hora de se endividar. O ideal é que você não se empolgue muito nesse primeiro momento e faça bem as contas, porque, na prática, essa redução de juros, apesar de ser muito bem vinda, ainda terá pouco efeito para o consumidor. Além disso, é bom ficar atento porque não são todas as taxas de empréstimos que vão cair. De qualquer forma, a decisão do Copom foi bastante positiva, depois da pressão feita por parte de trabalhadores, empresários e governo. Pela primeira vez, desde setembro de 2007, a taxa caiu, passando de 13,75% para 12, 75% ao ano.

Apesar do corte, vários setores, inclusive dentro do governo, acreditam que ainda é possível reduzir mais a taxa de juros do país, que possui as taxas de juros mais altas do mundo. Além disso, com a crise econômica mundial, o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, acredita que a economia precisa ser estimulada e um esforço para a continuidade do corte de juros é necessário. “No momento em que a economia precisa ser estimulada, é preciso um esforço, para que o custo financeiro seja reduzido no país. Mas estamos no caminho certo”, declarou.

Muitas outras medidas precisam ser tomadas. Não somente a expansão do crédito para as famílias ampliarem o consumo, mas medidas de infra-estrutura da economia, como ampliação de crédito ao produtor rural, desoneração tributária (tão esperada há décadas), medidas para a manutenção dos postos de trabalho, para que não ocorra retrocesso no nível de renda nacional, fortalecimento da economia nacional através da indústria local, etc.

Outra questão que influencia diretamente a estratégia utilizada pelo governo é o spread bancário, ou seja, diferença entre a taxa de aplicação e a taxa de captação, que varia em muitos pontos percentuais entre pessoa física e pessoa jurídica, bem como entre as modalidades de crédito, conforme as garantias. Uma regulação mais severa por parte do Banco Central poderia reduzir os ganhos dos banqueiros e deixar uma margem de manobra maior para o governo, garantindo a efetividade da política monetária oficial. Muitos interesses em jogo: os maiores lucros da história de instituições financeiras na America Latina.

Não vivemos numa ilha incomunicável. Por isso os impactos da crise são avassaladores por aqui também. Por isso nossa economia não observou elevação nos índices de inflação, pois os preços caíram em todo mundo e, ainda com o real em desvalorização, mantivemos os preços nacionais dentro da meta. Esse comportamento de nossa economia dá ânimo aos investidores internacionais, mas a gigantesca carga tributária brasileira, casada com um Estado Nacional muito forte e presente (mas corrupto), espantam o capital que poderia auxiliar o alavanque de nossa economia.

Parece que ainda pouco se aprende com a lição de dias que acabam de ser vividos. A aposta alta no crédito para pessoa física ainda parece a salvação para os males sociais de um sistema desorganizado e caótico. Como prever comportamentos num cenário tão adverso e diverso? Ainda construímos nossas asas sem alicerce num terreno arenoso que logo, logo pode ceder e ruir as estruturas de toda nossa sociedade.

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