domingo, 18 de janeiro de 2009

AS FAMÍLIAS DEVEM MAIS EM 2008

Como esperado, o brasileiro deve mais, paga menos, sente os impactos da expansão do mercado de créditos combinado com uma crise mundial

Num ano de recordes de lucro das instituições financeiras no Brasil, 2008 também observou um aumento nos índices de inadimplência, que alcançou as alturas vistas somente cinco anos antes, numa outra crise. Um aumento de 8% no nível pode ser considerado um “bom” número, diante do cenário de crise que mais uma vez se estabelece. De certo, tal cenário não é propício para se festejar muitos resultados, mas variações negativas com baixo impacto já podem significar “vitória”, mas a variação indicada pelo Serasa não é tão animadora assim.

O mês de novembro passado teve a inadimplência dos consumidores elevada em e alcançou 7,8% do total de empréstimos pessoais. O número era o maior desde agosto de 2003, quando o percentual ficou em 7,9%. Em dezembro houve novo aumento, mas com menor impacto, ficando em 2,5% em relação ao nível anterior, que já era recorde.

A alta foi de 2008, segundo dados divulgados pela Serasa, semana passada, foi bem maior do que na comparação entre 2007 e 2006, quando a alta foi de 1,7%. A dívida mais frequente foi a adquirida junto aos bancos, apontada por 43,2% dos inadimplentes. Em seguida estão as dívidas com cartões de crédito e financeiras, responsáveis por 33,7%, ainda, os cheques devolvidos (21%) e títulos protestados (2,2%).

A diminuição da renda dos consumidores, afetada pela inflação nos itens básicos, influenciou a alta da inadimplência, juntada às elevações na taxa Selic, que subiu 2,5% ano passado, e a elevação dos juros devido às incertezas dos mercados frente à crise financeira mundial. É assim caros leitores, quem sofre mais com as decisões políticas, política monetária neste caso, é a parcela da população com a renda mais baixa, que recorre ao mercado de crédito e paga as maiores taxas de retorno às instituições financeiras. Parece um jargão esquerdista, mas realmente é real: o pobre, cada vez mais pobre; o rico, mais rico!

Inadimplente? Quem?

É considerado inadimplente quem atrasa o pagamento dos empréstimos em mais de 90 dias. Se forem levados em conta também os consumidores que atrasam 15 dias ou mais, o nível de inadimplência em novembro passado subiria para 14,3%, sendo que em novembro de 2007 o percentual havia ficado em 13,4%.

Ao administrar suas finanças, você deve ficar atento para sinais que indicam que você enfrentará problemas de inadimplência. Se os seus gastos mensais forem superiores à sua renda mensal, se você não sabe quanto deve, se muitas vezes você paga contas com atraso, não consegue pagar o saldo mínimo em suas contas, pede emprestado mais do que pode pagar, obtém novos empréstimos para pagar empréstimos antigos, perdeu seu emprego ou pede dinheiro emprestado para as despesas do dia a dia, estes são sinais de que você está tendo dificuldade em cumprir seus compromissos.


Quais as novidades. Parece que os brasileiros precisamos enxugar nossas finanças familiares. Mas a palavra de ordem do presidente num pronunciamento recente era otimista e imperativo ao consumo. Onde estamos afinal? Numa ilha isenta às tempestades mundiais, numa Cuba livre de tormentas? Os sinais são expostos na carne dos sindicalizados na indústria nacional, nos níveis de negócios mundiais, nas quedas dos preços das commodities, no nível de inadimplência, aliás, toda a crise norte-americana começo assim.

É o jeito...

A falta de crédito estimula saques e captação líquida da popança cai 47% em 2008. Vejamos direito. Não é que diminuiu o nível de poupança. Na verdade tal nível até subiu em 2008, mas a falta de crédito, causada pela crise financeira global, fez com que os investidores brasileiros recorressem à poupança para equilibrar o orçamento. Com isso, o número de saques nas cadernetas subiu consideravelmente no ano passado, fazendo com que a captação líquida (diferença entre depósitos e saques) caísse 47,15% entre 2007 e 2008. A queda se dá devido à necessidade de recursos diante da situação econômica.

Sem saída, o jeito é recorrer aos fundos de reserva pessoal. Com certeza muitos sonhos perdem a possibilidade de serem realizados para os juros do cartão de crédito sejam pagos e as contas de início de ano possam ser feitas. Parece que nem a classe média (baixa ou alta) está “imune” aos impactos da crise econômica, que não é mais financeira somente. A alta do feijão, do trigo, do petróleo e do ferro impacta gregos, troianos e quem quer que seja.

Tiro no pé:


Com a intenção de facilitar a circulação de mercadorias no território nacional e a arrecadação do ICMS, a substituição tributária deve acabar trazendo o aumento de preços para o consumidor final, já impactado por diversos outros fatores. O consumidor deve pagar mais caro por produtos farmacêuticos, de perfumaria, higiene pessoal, limpeza, da indústria alimentícia e materiais de construção, entre outros, por conta das novas regras da Substituição Tributária. Com as novas regras, o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que antes era cobrado no momento da venda final, passa a ser pago pela indústria, transferindo, assim, o aumento dos custos para o consumidor final. As novas regras da Substituição Tributária antecipam o recolhimento do ICMS de vários produtos de grande circulação, fazendo com que o imposto seja cobrado no primeiro elo da cadeia produtiva, a indústria.


É verdade que o impacto é mais psicológico que real. Se a tributação tem a mesma alíquota, não influenciaria no preço final. Mas o ânimo do seu “Ceará”, do mini-box do canto não é esse. Como ele pagará “mais” pela mercadoria, tenha certeza que ele calculará o preço da mesma forma que ele aprendeu há décadas atrás, passando os custos para o consumidor final, a Dn. Maria e S. Joaquim de todo o dia (nós mesmos). Parece que as políticas nunca acertam. Tentam, mas não conseguem atingir com eficácia e eficiência seus objetivos. Como arcar com mais essa num orçamento familiar cada vez mais comprometido?

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