segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Os resultados desenfreados do crédito a qualquer custo

Os principais resultados econômicos de 2008 não refletem a tênue tendência do consumidor em aumentar a confiança no mercado, diante de um comportamento irregular durante todo o ano. Será a tal confiança exacerbada da República nela mesma que ecoa no ânimo do consumidor? A questão é bem séria. O mercado de créditos já encontra dificuldades em sua expansão? Crescer pra onde se há limites na renda das famílias e muito se apostou nessa modalidade de crédito, deixando a pessoa física endividada e com o consumo comprometido.

A crise iniciada em solo fértil americano comprometeu todo o sistema financeiro global, alcançando os mercados reais, físicos, produtivos, com impacto direto na renda já comprometida, com reflexos sociais ainda em construção, mas já sem previsões otimistas, mesmo diante de tanto otimismo oficial.


As bolsas asiáticas não foram as únicas a fecharem com forte desvalorização em 2008, onde após o dia 30 de dezembro de 2008, todas as bolsas americanas fecharam com forte desvalorização anual. Dow Jones encerrou 2008 com queda de 33,8%, próxima a grande depressão de 1931, onde o índice desvalorizou 52,67% no ano. No mesmo patamar, S&P 500 perdeu 38,5% e a Nasdaq cedeu 40,5%, registrando o seu pior desempenho anual. As bolsas européias também tiveram um terrível ano, com destaque para o índice FTSE 100 (Inglaterra - Londres) que marcou uma queda de 40,5% no ano. O Ibovespa registrou o seu pior ano desde 1972, caindo 41,22%.


O barril Opep, controlado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo, fechou 2008 cotado a US$ 35,58 na NYMEX. Este valor, muito abaixo do seu topo histórico (TH) registrado ao longo do ano, não atrapalhou o recorde na média geral de 2008, registrando valores médios de US$ 94,45 no ano, valor altíssimo, considerado o peso que o recurso tem na matriz energética do sistema de produção atual, com impactos em toda a cadeia de produção e abastecimento, ou seja, no dia-a-dia de todo o mundo.



No Amapá


Dos aproximadamente 22 mil servidores públicos do Estado, cerca de 19 mil recorreram ao crédito, oferecido com facilidades nunca vistas em outras épocas. No ano passado foram observados vários colapsos no consumo local. É muito dinheiro comprometido! Muito da renda amapaense “travada” nas agências financeiras. São mais de R$ 460 milhões nessa modalidade de crédito, sendo que a folha estadual circula pelos R$ 3,6 milhões. Tais dados foram divulgados numa entrevista oferecida pelo Deputado Federal pelo Amapá (PMDB), o também economista Jurandil Juarez, que mostrou a preocupação com os efeitos do fenômeno local.


A expansão do crédito garantiu a prorrogação dos impactos da crise, bem como, nos EUA, representou sua principal causa. Talvez a crença desmedida numa recuperação futura tenha “cegado” os mais otimistas e contaminado os estudiosos na busca por uma vacina ainda desconhecida para o equilíbrio do mercado nos moldes neoclássicos.


As famílias amapaenses sofrem atualmente por escolhas e ofertas encantadoras que garantiram o aumento do volume das “porcas” de muitos bancos, aferindo resultados recordes em 2008, garantindo-lhes espaço no hall das empresas com maior crescimento e volume absoluto de lucro, em detrimento de empresas produtivas, que observaram menores investimentos com o medo global da crise, antevendo os mercados menos dispostos a bancar os riscos da produção sem cliente.


O Amapá é mais um no truncado cenário da crise. Como afirmaram o Economista Charles Chelala e o Engenheiro Rodolfo Juarez numa análise do fechamento de 2008: se não fosse a tão famigerada “economia do contracheque”, seria ainda pior. Mas tais números do mercado de crédito apontam que há limites para os funcionários públicos estaduais. Como será o natal do ano que vem.

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